quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Quarto Encontro

Na quinta-feira passada, dia 02 de outubro, não houve o Encontro do grupo, pois estive atribulada com o fechamento de um outro projeto pela rede estadual (FESP/SEE-RJ). Só que este tinha prazo para análise e envio, marcado para ser submetido à primeira avaliação na sexta-feira (dia 03/08). Em razão disso, não houve o Encontro Presencial no Auditório.

Ontem, dia 08/10, nós tivemos o nosso quarto Encontro e este foi realizado no Laboratório de Informática, pois o espaço do Auditório estava reservado para outras atividades com as turmas do segundo turno.

O espaço do Laboratório, também, é menor, mas como só vieram 20 alunos não tivemos grandes problemas.


Alguns alunos avisaram que iriam faltar; outros, eu soube que faltaram por motivo de problemas de saúde.

Avisei a todos os presentes que, no próximo Encontro, eu já teria a relação certa de quem desistiu de participar do projeto - por iniciativa própria - e aqueles que, por razões de falta de compromisso com o grupo, mediante ao número de ausência nos Encontros - deverá ser desligado do mesmo.

Tivemos que colocar algumas carteiras no interior do Laboratório a fim de que todos se acomodassem adequadamente.

Antes de iniciarmos as atividades do dia, realizamos os exercícios de respiração e de relaxamento.

Muitos, ainda, não conseguem levar a sério o exercício de respiração por conta do "biquinho", que eu peço na hora de expirar.

Aos poucos, o "biquinho" vai ser dispensado, pois espero que eles realizem a atividade corretamente.

Soltando o ar fazendo o referido "biquinho", eles conseguem perceber o processo de saída do ar e é este o objetivo da proposta.

Em seguida, iniciamos a correção do Atividade Dirigida do Encontro passado (Música No. 03 - Era um Garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones).

Mais uma vez, deixei a mensagem para o final e iniciamos a leitura da música do dia (no. 5). A música selecionada foi O Meu Guri, de autoria do Chico Buarque de Holanda.

Comentei que o contexto da música é outro, diferentemente das duas últimas músicas,mas tem tudo a ver com a realidade da nossa comunidade externa, fato comprovado pelos relatos dos próprios alunos, após a reprodução e canto da música por todos.
A quase totalidade dos alunos presentes não conhecia o cantor e compositor Chico Buarque. Iniciamos a leitura da letra da música, ouvindo-a apenas. Depois, o grupo todo cantou.

O MEU GURI
Chico Buarque


Quando, seu moço, nasceu meu rebento

não era o momento dele rebentar

já foi nascendo com cara de fome

e eu não tinha nem nome

pra lhe dar.


Como fui levando não sei lhe explicar.

Fui assim levando

ele a me levare

na sua meninice ele um dia

me disse

que chegava lá,

olha aí, olha aí,

olha aí, ai o meu guri,

olha aí, olha aí,

é o meu guri e ele chega.

Chega suado e veloz do batente e

traz sempre um presente

pra me encabular

tanta corrente de ouro, seu moço,

que haja pescoço para enfiar.

Me trouxe uma bolsa

já com tudo dentro

chave, caderneta, terço e patuá

um lenço e uma penca de documentos

pra finalmente eu me identificar,

olha aí,

olha aí, ai o meu guri,

olha aí, olha aí,

é o meu guri e ele chega.

Chega no morro com o carregamento

pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador.

Rezo até ele chegar cá no alto

essa onda de assaltos tá um horror.

Eu consolo ele, ele me consola

boto ele no colo pra ele me ninar

de repente acordo,

olho pro lado

e o danado já foi trabalhar,

olha aí, olha aí, ai o meu guri,

olha aí,olha aí,

é o meu guri e ele chega.

Chega estampado, manchete, retrato

com venda nos olhos, legenda e as iniciais

eu não entendo essa gente, seu moço

fazendo alvoroço demais

o guri no mato, acho que tá rindo,

acho que tá lindo de papo pro ar

desde o começo eu não disse, seu moço?

Ele disse que chegava lá

olha aí, olha aí,

olha aí, ai o meu guri,

olha aí,olha aí,

é o meu guri.


Tópicos Correlativos: envolvimento de menor na criminalidade, violência, assalto, analfabetismo, ingenuidade, morro, favela, mãe.

As discussões acerca da letra da música foram ótimas. Os alunos têm apresentado bastante atenção e boa interpretação. Várias foram as contribuições: o guri vive na favela (morro), a mãe é analfabeta, ingênua, entre outras observações.

Destaco aqui, o comentário da aluna Taiane (Turma 1801) que atribuiu a condição de analfabeta à mãe, pois segundo a música "Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro chave, caderneta, terço e patuá, um lenço e uma penca de documentos pra finalmente eu me identificar (...)"

Muitos deles relacionaram a música com o cotidiano das comunidades que a escola abrange, nas quais muito deles moram. Gostei muito da análise feita pelo grupo.

A atividade seguinte não foi a análise interpretativa impressa (a oral foi feita, como acabei de relatar), mas um trabalho manual, isto é, cada um teve que desenhar o seu "Guri", destacando algumas características, como altura, idade e cor. Quem quisesse, poderia dar um nome a ele.

O resultado foi surpreendente! O número de pardos foi maior; só houve um negro e alguns brancos. Diferentemente do ano passado, que o grupo desenhou mais o guri de cor negra.

Esta foi a primeira música que repeti do repertório de 2007 e o interessante é que a música não faz referência em relação à cor e, diante dos resultados obtidos, deu para perceber que a maioria associou ao Meu Guri de cor de parda.

Cada um apresentou o seu Guri e, em alguns casos, os alunos não se continham e riam da caracterização do Guri do colega.

Registrei alguns alunos apresentando o seu desenho, o qual foi colado em forma de cartaz na parede, dias depois.

Aluna Roberta (T: 1601)

Aluno Matheus (Turma 1703)

Aluno Pablo (Turma 1601)

Aluna Tatiana (Turma 1703)

Aluna Geysa (Turma 1801)
Aluno Matheus Vianna (Turma 1601)
Aluna Taiane (Turma 1801)


Vídeos Clipes








Exposição dos trabalhos dos alunos




A mensagem do dia foi selecionada sob o enfoque do papel da mãe, tão enfatizado na letra da música, junto ao Guri.


MÃE

Certa vez perguntaram a uma mãe

qual seria o seu filho preferido, aquele que ela mais amava.

E ela, deixando entrever um sorriso, respondeu:

“Nada é mais volúvel que um coração de mãe.

E como mãe lhe respondo ...

O filho predileto, aquele que me dedico de corpo e alma é:

.O meu filho doente, até que sare;

.O que partiu, até que volte;

.O que está cansado, até que descanse;

.O que está com fome, até que se alimente;

.O que está com sede, até que beba;

.O que está estudando, até que aprenda;

O que não trabalha, até que se empregue;

O que namora, até que se case;

O que é pai, até que crie;

O que prometeu, até que cumpra;

O que deve, até que pague;

O que chora, até que sorria.

E, já com um semblante bem distante

daquele sorriso anterior, completou:

.O que já me deixou, até que o reencontre.


Autoria desconhecida
A atividade para o próximo Encontro foi recortar uma reportagem de jornal e/ou revista sobre violência envolvendo crianças ou adolescentes. Esta atividade pode ser feita individualmente e/ou em dupla.

Nenhum comentário: